Castro Alves

by - segunda-feira, setembro 12, 2011

Antônio Frederico de Castro Alves, poeta, nasceu em Muritiba, BA, em 14 de março de 1847, e faleceu em Salvador, BA, em 6 de julho de 1871. É o patrono da Cadeira nº 7 da Academia Brasileira de Letras, por escolha do fundador Valentim Magalhães.
Era filho do médico Antônio José Alves, mais tarde professor na Faculdade de Medicina de Salvador, e de Clélia Brasília da Silva Castro, falecida quando o poeta tinha 12 anos. Por volta de 1853, ao mudar-se com a família para a capital, estudou no colégio de Abílio César Borges, futuro barão de Macaúbas, onde foi colega de Rui Barbosa, demonstrando vocação apaixonada e precoce para a poesia. Mudou-se em 1862 para o Recife, onde concluiu os preparatórios e, depois de duas vezes reprovado, matriculou-se na Faculdade de Direito em 1864. Cursou o 1º ano em 65, na mesma turma que Tobias Barreto. Logo integrado na vida literária acadêmica e admirado graças aos seus versos, cuidou mais deles e dos amores que dos estudos. Em 66, perdeu o pai e, pouco depois, iniciou a apaixonada ligação amorosa com Eugênia Câmara, que desempenhou importante papel em sua lírica e em sua vida.
Fonte: Casa do Bruxo

ADELAIDE AMARAL
ARTISTA, tua voz é a melodia
De Sorrento nas veigas perfumosas;
É teu riso o esfolhar de brancas rosas,
Voar do cisne errante da poesia!
Quando gemes, o arcanjo da harmonia
Colhe em teus lábios flores odorosas,,
E do teu pranto as gotas preciosas
São estrelas de luz n'alva do dia.
A Camélia esfolhada sobre o dorso
Do mar da vida, em ondas de sarcasmo,
A Hebréia, condenada sem remorso...
Tudo sublimas, tudo... eu digo em pasmo:
"Gênio, gênio... inda mais... supremo esforço
Das mãos de Deus no ardor do entusiasmo".

A BEIRA DO ABISMO E DO INFINITO
A celeste Africana, a Virgem-Noite
Cobria as faces... Gota a gota os astros
Caíam-se das mãos no peito seu...
... Um beijo infindo suspirou nos ares...
A canoa rolava!... Abriu-se a um tempo
O precipício!... e o céu!...

ADEUS
ADEUS - Ai criança ingrata!
Pois tu me disseste - adeus -?
Loucura! melhor seria
Separar a terra e os céus.
- Adeus - palavra sombria!
De uma alma gelada e fria
És a derradeira flor.
- Adeus! - miséria! mentira
De um seio que não suspira,
De um coração sem amor.
Ai, Senhor! A rola agreste
Morre se o par lhe faltou.
O raio que abrasa o cedro
A parasita abrasou.
O astro namora o orvalho:
- Um é a estrela do galho,
- Outro o orvalho da amplidão
Mas, à luz do sol nascente,
Morre a estrela - no poente!
O orvalho - morre no chão!
Nunca as neblinas do vale
Souberam dizer-se - adeus -
Se unidas partem da terra,
Perdem-se unidas nos céus.
A onda expira na plaga.. .
Porém vem logo outra vaga
P'ra morrer da mesma dor ...
- Adeus - palavra sombria!
Não digas - adeus -, Maria!
Ou não me fales de amor!

ADORMECIDA
Uma noite, eu me lembro... Ela dormia
Numa rede encostada molemente...
Quase aberto o roupão... solto o cabelo
E o pé descalço do tapete rente.
'Stava aberta a janela. Um cheiro agreste
Exalavam as silvas da campina...
E ao longe, num pedaço do horizonte,
Via-se a noite plácida e divina.
De um jasmineiro os galhos encurvados,
Indiscretos entravam pela sala,
E de leve oscilando ao tom das auras,
Iam na face trêmulos
- beijá-la. Era um quadro celeste!...
A cada afago
Mesmo em sonhos a moça estremecia...
Quando ela serenava... a flor beijava-a...
Quando ela ia beijar-lhe... a flor fugia...
Dir-se-ia que naquele doce instante
Brincavam duas cândidas crianças...
A brisa, que agitava as folhas verdes,
Fazia-lhe ondear as negras tranças!
E o ramo ora chegava ora afastava-se...
Mas quando a via despeitada a meio,
Pra não zangá-la... sacudia alegre
Uma chuva de pétalas no seio...
Eu, fitando esta cena, repetia
Naquela noite lânguida e sentida:
"Ó flor! - tu és a virgem das campinas!
"Virgem! - tu és a flor de minha vida!..."

AMAR E SER AMADO
Amar e ser amado! Com que anelo
Com quanto ardor este adorado sonho
Acalentei em meu delírio ardente
Por essas doces noites de desvelo!
Ser amado por ti, o teu alento
A bafejar-me a abrasadora frente!
Em teus olhos mirar meu pensamento,
Sentir em mim tu’alma, ter só vida
P’ra tão puro e celeste sentimento:
Ver nossas vidas quais dois mansos rios,
Juntos, juntos perderem-se no oceano -,
Beijar teus dedos em delírio insano
Nossas almas unidas, nosso alento,
Confundido também, amante - amado -
Como um anjo feliz... que pensamento!?

AMANTE
"BASTA, criança! Não soluces tanto...
Enxuga os olhos, meu amor, enxuga!
Que culpa tem a clícia descaída
Se abelha envenenada o mel lhe suga?
"Basta! Esta faca já contou mil gotas
De lágrimas de dor nos teus olhares.
Sorri, Maria! Ela jurou pagar-tas
No sangue dele em gotas aos milhares.
"Por que volves os olhos desvairados?
Por que tremes assim, frágil criança?
Est'alma é como o braço, o braço é ferro,
E o ferro sabe o trilho da vingança.
"Se a justiça da terra te abandona,
Se a justiça do céu de ti se esquece,
A justiça do escravo está na força...
E quem tem um punhal nada carece! ...
"Vamos! Acaba a história ... Lança a presa...
Não vês meu coração, que sente fome?
Amanhã chorarás; mas de alegria!
Hoje é preciso me dizer - seu nome!"

AMÉRICA
À Tépida sombra das matas gigantes,
Da América ardente nos pampas do Sul,
Ao canto dos ventos nas palmas brilhantes,
À luz transparente de um céu todo azul,
A filha das matas - cabocla morena -
Se inclina indolente sonhando talvez!
A fronte nos Andes reclina serena.
E o Atlântico humilde se estende a seus pés.
As brisas dos cerros ainda lhe ondulam
Nas plumas vermelhas do arco de avós,
Lembrando o passado seus seios pululam,
Se a onça ligeira boliu nos cipós.
São vagas lembranças de um tempo que teve!...
Palpita-lhe o seio por sob uma cruz.
E em cisma doirada - qual garça de neve -
Sua alma revolve-se em ondas de luz.
Embalam-lhe os sonhos, na tarde saudosa,
Os cheiros agrestes do vasto sertão,
E a triste araponga que geme chorosa
E a voz dos tropeiros em terna canção.
Se o gênio da noite no espaço flutua
Que negros mistérios a selva contém!
Se a ilha de prata, se a pálida lua
Clareia o levante, que amores não tem!
Parece que os astros são anjos pendidos
Das frouxas neblinas da abóbada azul,
Que miram, que adoram ardentes, perdidos,
A filha morena dos pampas do Sul.
Se aponta a alvorada por entre as cascatas,
Que estrelas no orvalho que a noite verteu!
As flores são aves que pousam nas matas,
As aves são flores que voam no céu!
Ó pátria, desperta... Não curves a fronte
Que enxuga-te os prantos o Sol do Equador.
Não miras na fímbria do vasto horizonte
A luz da alvorada de um dia melhor?
Já falta bem pouco. Sacode a cadeia
Que chamam riquezas... que nódoas te são!
Não manches a folha de tua epopéia
No sangue do escravo, no imundo balcão.
Sê pobre, que importa? Sê livre... és gigante,
Bem como os condores dos píncaros teus!
Arranca este peso das costas do Atlante,
Levanta o madeiro dos ombros de Deus.

ANJO
Anjo "Ai! Que vale a vingança, pobre amigo,
Se na vingança a honra não se lava?...
O sangue é rubro, a virgindade é branca -
O sangue aumenta da vergonha a bava.
"Se nós fomos somente desgraçados,
Para que miseráveis nos fazermos?
Desportados da terra assim perdemos
De além da campa as regiões sem termos...
"Ai! não manches no crime a tua vida,
Meu irmão, meu amigo, meu esposo!...
Seria negro o amor de uma perdida
Nos braços a sorrir de um criminoso!. . . "

AO DIA SETE DE SETEMBRO
Mancebos, que sois a esperança
Do majestoso Brasil;
Mancebos, que inda tão tenros
Sabeis de louro gentil
Adornar o pátrio dia,
Nosso dia senhoril!
Eis que assomou sobre os montes
Além, sobre a antiga serra,
Entre mil nuvens de rosa,
O dia de nossa terra;
Aquele que para a Pátria
Milhões de glórias encerra.
Foi hoje que o Lusitano,
Que o filho de além do mar,
Despertou com forte brado
A Pátria que era a sonhar,
Que nem sequer escutava
A liberdade a expirar.
E o brado: - "Livres ou mortos"
Lá nos bosques retumbou;
E mais contente o Ipiranga
As suas águas rolou;
E o eco d'alta montanha
Todo o Brasil ecoou.
E as montanhas lá do Sul,
E as montanhas lá do Norte,
Repetiram em seus cumes:
Sempre ser livres ou morte...
E lá na luta renhida
Cada qual luta mais forte.
Sim, nos combates que, ousados,
Travaram cem contra mil,
O mancebo que nascera
Sob este azul céu de anil,
Forte como um Bonaparte,
Batia o forte fuzil.
E cada qual no combate
Ao ribombar do canhão
Queria à custa da vida
Dar à Pátria salvação,
Vingar a terra natal
D'aviltante servidão.
Eia, pois, flores da Pátria,
Esp'rançosa mocidade!
Que os Andradas e os Machados
Do alto da Eternidade
Contentes vos abençoam
No dia da Liberdade.

AO DOIS DE JULHO
ÍNDIO GIGANTE adormecera um dia:
Junto aos Andes por terra era prostrado;
Diríeis um colosso deslocado
De um pedestal de imensa serrania.
Dos ferros a tinir a voz sombria
Desperta-o... Ruge-lhe o trovão um brado.
Roçam-lhe a fronte as nuvens... sopesado
À destra o fulvo raio lhe alumia.
Foi luta de titães, luta tremenda!
Enfim aos pés do Atlante americano
S'estorce Portugal n'angústia horrenda.
E hoje o dedo de Deus escreve ufano:
Tremei, tiranos, desta triste lenda;
Livres, erguei o colo soberano!

AQUELA MÃO
Era u'a mão de luxo... Era um brinquedo!...
Mas tão bonita que metera medo,
Se não fosse, meu Deus! tão meiga e franca!
Mão p'ra se encher de gemas e brilhantes,
De suspiros, de anelos palpitantes...
Mas p'ra estalar as jóias e os amantes...
Aquela mão tão branca!
Era u'a mão fidalga... exígua, escassa!
Mão de Duquesa! Era u'a mão de raça
De sangue azul, em veios de Carrara!
Alva, tão alva que vencia a idéia
Das neblinas, dos gelos e da garça!...
Amassada no leite de Amaltéia
Aquela mão tão rara!
Tinha um gesto de musa! - Mão que voa,
Que do piano na ideal lagoa,
As asas banha em rapidez não vista!...
Como a andorinha que se arroja à toa,
Cruzando em beijos a extensão das teclas!
Acendendo no seio a luz dos Eclas...
Aquela mão de artista!
Mão de criança! Era u'a mão de arminhos,
Tendo essas covas, esses alvos ninhos,
De aves que a terra desconhece ainda!
Lembrando as conchas dos parcéis marinhos,
A polpa branca dos nascentes lírios...
Covas... porque se enterram mil delírios
Naquela mão tão linda!
No teatro, uma noite, casta, esquiva,
Na luva de pelica a mão cativa,
Recordava um eclipse de lua...
Mas um momento após, deixando o guante,
Vi salvar-se da espuma, rutilante,
Como Vênus despida e palpitante,
Aquela mão tão nua!
Era uma régia mão! Que largas vezes
Sonhei torneios, morriões, arneses,
Bravos ginetes de nevada crina,
Justas feridas entre mil reveses,
Da média idade a sanguinosa palma...
Só p'ra o louro atirar... e a lança e a alma...
Aquela mão tão fina!
Uma noite sonhei que, em minha vida,
Deus acendia a estrela prometida,
Que leva os Reis ao trilho da ventura;
Mus, quando, ao longo da poenta estrada,
O suor me escorria d'amargura...
Passava em meus cabelos perfumada
Aquela mão tão pura!
Era u'a mão que iluminara um cetro...
Mão que ensinava d’harmonia o metro
As esferas de luz que o dia encobres...
Tão santa que uma pérola indiscreta
Talvez toldasse esta nudez tão nobre...
Vazia Era a riqueza do Poeta Aquela mão tão pobre!
Era u'a mão que provocava o roubo!
Era u'a mio para conter o globo!
Tinha a luz que arrebata, a luz que encanta!
Fôra o gênio de Sócrates o Grego!
Domara em Roma os cônsules e o lobo?
Mão que em trevas buscara Homero cego
Aquela mão tão santa!

AO ROMPER D'ALVA
Sigo só caminhando serra acima,
E meu cavalo a galopar se anima
Aos bafos da manhã.
A alvorada se eleva do levante,
E, ao mirar na lagoa seu semblante,
Julga ver sua irmã.
As estrelas fugindo aos nenufares,
Mandam rútilas pérolas dos ares
De um desfeito colar.
No horizonte desvendam-se as colinas,
Sacode o véu de sonhos de neblinas
A terra ao despertar.
Tudo é luz, tudo aroma e murmurio.
A barba branca da cascata o rio
Faz orando tremer.
No descampado o cedro curva a frente,
Folhas e prece aos pés do Onipotente
Manda a lufada erguer.
Terra de Santa Cruz, sublime verso
Da epopéia gigante do universo,
Da imensa criação.
Com tuas matas, ciclopes de verdura,
Onde o jaguar, que passa na espessura,
Roja as folhas no chão;
Como és bela, soberba, livre, ousada!
Em tuas cordilheiras assentada
A liberdade está.
A púrpura da bruma, a ventania
Rasga, espedaça o cetro que s'erguia
Do rijo piquiá.
Livre o tropeiro toca o lote e canta
A lânguida cantiga com que espanta
A saudade, a aflição.
Solto o ponche, o cigarro fumegando
Lembra a serrana bela, que chorando
Deixou lá no sertão.
Livre, como o tufão, corre o vaqueiro
Pelos morros e várzea e tabuleiro
Do intrincado cipó.
Que importa’os dedos da jurema aduncos?
A anta, ao vê-los, oculta-se nos juncos,
Voa a nuvem de pó.
Dentre a flor amarela das encostas
Mostra a testa luzida, as largas costas
No rio o jacaré.
Catadupas sem freios, vastas, grandes,
Sois a palavra livre desses Andes
Que além surgem de pé.
Mas o que vejo? É um sonho!... A barbaria
Erguer-se neste séc'lo, à luz do dia.
Sem pejo se ostentar.
E a escravidão - nojento crocodilo
Da onda turva expulso lá do Nilo -
Vir aqui se abrigar! ...
Oh! Deus! não ouves dentre a imensa orquesta
Que a natureza virgem manda em festa
Soberba, senhoril,
Um grito que soluça aflito, vivo,
O retinir dos ferros do cativo,
Um som discorde e vil?
Senhor, não deixes que se manche a tela
Onde traçaste a criação mais bela
De tua inspiração.
O sol de tua glória foi toldado...
Teu poema da América manchado,
Manchou-o a escravidão.
Prantos de sangue - vagas escarlates -
Toldam teus rios - lúbricos Eufrates
Dos servos de Sião.
E as palmeiras se torcem torturadas,
Quando escutam dos morros nas quebradas
O grito de aflição.
Oh! ver não posso este labéu maldito!
Quando dos livres ouvirei o grito?
Sim... talvez amanhã.
Galopa, meu cavalo, serra acima!
Arranca-me a este solo. Eia! te anima
Aos bafos da manhã!

AVES DE ARRIBAÇÃO
I
Era o tempo em que ágeis andorinhas
Consultam-se na beira dos telhados,
E inquietas conversam, perscrutando
Os pardos horizontes carregados ...
Em que as rolas e os verdes periquitos
Do fundo do sertão descem cantando ...
Em que a tribo das aves peregrinas
Os Zíngaros do céu formam-se em bando!
Viajar! viajar! A brisa morna
Traz de outro clima os cheiros provocantes.
A primavera desafia as asas,
Voam os passarinhos e os amantes! ...
II
Um dia Eles chegaram. Sobre a estrada
Abriram à tardinha as persianas;
E mais festiva a habitação sorria
Sob os festões das trêmulas lianas.
Quem eram? Donde vinham? - Pouco importa
Quem fossem da casinha os habitantes.
- São noivos -: as mulheres murmuravam!
E os pássaros diziam: - São amantes -!
Eram vozes - que uniam-se co'as brisas!
Eram risos - que abriam-se co'as flores!
Eram mais dois clarões - na primavera!
Na festa universal - mais dous amores!
Astros! FaIai daqueles olhos brandos.
Trepadeiras! Falai-lhe dos cabelos!
Ninhos d'aves! dizei, naquele seio,
Como era doce um pipilar d'anelos.
Sei que ali se ocultava a mocidade...
Que o idílio cantava noite e dia...
E a casa branca à beira do caminho
Era o asilo do amor e da poesia.
Quando a noite enrolava os descampados,
O monte, a selva, a choça do serrano,
Ouviam-se, alongando à paz dos ermos,
Os sons doces, plangentes de um piano.
Depois suave, plena, harmoniosa
Uma voz de mulher se alevantava...
E o pássaro inclinava-se das ramas
E a estrela do infinito se inclinava.
E a voz cantava o tremolo medroso
De uma ideal sentida barcarola...
Ou nos ombros da noite desfolhava
As notas petulantes da Espanhola!
III
As vezes, quando o sol nas matas virgens
A fogueira das tardes acendia,
E como a ave ferida ensangüentava
Os píncaros da longa serrania,
Um grupo destacava-se amoroso,
Tendo por tela a opala do infinito,
Dupla estátua do amor e mocidade
Num pedestal de musgos e granito.
E embaixo o vale a descantar saudoso
Na cantiga das moças lavadeiras!...
E o riacho a sonhar nas canas bravas.
E o vento a s'embalar nas trepadeiras.
Ó crepúsculos mortos! Voz dos ermos!
Montes azuis! Sussurros da floresta!
Quando mais vós tereis tantos afetos
Vicejando convoseo em vossa festa? ...
E o sol poente inda lançava um raio
Do caçador na longa carabina...
E sobre a fronte d'Ela por diadema
Nascia ao longe a estrela vespertina.
IV
É noite! Treme a lâmpada medrosa
Velando a longa noite do poeta...
Além, sob as cortinas transparentes
Ela dorme... formosa Julieta!
Entram pela janela quase aberta
Da meia-noite os preguiçosos ventos
E a lua beija o seio alvinitente
- Flor que abrira das noites aos relentos.
O Poeta trabalha!... A fronte pálida
Guarda talvez fatídica tristeza ...
Que importa? A inspiração lhe acende o verso
Tendo por musa - o amor e a natureza!
E como o cáctus desabrocha a medo
Das noites tropicais na mansa calma,
A estrofe entreabre a pétala mimosa
Perfumada da essência de sua alma.
No entanto Ela desperta... num sorriso
Ensaia um beijo que perfuma a brisa...
... A Casta-diva apaga-se nos montes...
Luar de amor! acorda-te, Adalgisa!
V
Hoje a casinha já não abre à tarde
Sobre a estrada as alegres persianas.
Os ninhos desabaram... no abandono
Murcharam-se as grinaldas de lianas.
Que é feito do viver daqueles tempos?
Onde estão da casinha os habitantes?
... A Primavera, que arrebata as asas...
Levou-lhe os passarinhos e os amantes!...                2 parte   3 parte

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20 comentários

  1. Olá Lu,
    Obrigado pelo carinho e pela visita,adorei
    seu blog também,tem muitas dicas
    interessantes,também estou te seguindo amiga,uma ótima semana para você .
    BEIJINHOS
    Cláudia Pilotto
    htpp//:claudiapilotto3.blogspot.com

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  2. Olá Lucimara. Seguindo! Abração !:
    http://atmosphera2hq.blogspot.com/

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  3. Olá flor, muito obrigada por me seguir e pela visita, ja estou te seguindo, parabéns pelo blog, Obrigada beijos. www.belosedelicados.blogspot.com

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  4. oiee seguindooo me siga tbm bjosss
    http://www.dicasdadacy.blogspot.com/

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  5. Oi passei para agradecer a visita e te seguir. Bjinhos!


    http://betysaj.blogspot.com

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  6. Oi, não lembro mais onde peguei o código da caixinha mais nesse link que vou te passar tem uma que vc pode modificar o fundo combinando com as cores do seu template. Tenta ai se não der certo eu procuro o site que fiz o meu.
    Bjinhos!

    http://templateseacessorios.blogspot.com/2007/10/efeitos-caixinhas-rolantes-marquee.html

    ou


    http://www.cantinhodoblog.com.br/search/label/CAIXINHAS%20ROLANTES

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  7. Obrigado pela visita, ja estou te seguindo tbm seu blog é show, bjim

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  8. ooi (:
    Adoreei o blog!
    Já estou seguindo!!
    Se gostar, segue o meu tbm:

    mycherryfashion.blogspot.com
    :*

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  9. Oi flor amei seu blog :)
    Flor participa do sorteio no meu blog de um perfume Thipos ficaria muito feliz é meu 1º sorteio *-*
    http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=7617742691519421018&postID=599847642075287694&from=pencil

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  10. Oi flor olha eu aqui de novo rsrs Vim para te dizer que não precisa do facebook para participar do sorteio eu vou liberar para aquelas que não conseguiram :)Participa.
    http://tudoofake.blogspot.com/2011/09/1-sorteio-fragancia-thipos-em-1-ano-de.html#comments

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  11. Olá! Bom dia! Agradeço sua visita e seu carinho, somos das Blogueiras Unidas também! 778
    Bjs!!!

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  12. Olá luh tudo bem ?
    estou aqui pra retribuir a visitinha e pra te seguir também né ! obrigada pelo carinho e participe do sorteio no blog...acesse e participe participe do sorteio no blog... http://amandaquino.blogspot.com/2011/09/mega-sorteio-participeee.html

    aguardo sua participação beeijos !

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  13. Olá Lucimar.
    Vim agradecer a visita.
    muito obrigada, volte sempre.
    Não achei onde fica os seguidores para seguir.
    Abraços,
    marli

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  14. Oi Lucimar..obrigada pela sua visita ao meu blog...
    Lindo o seu blog..
    Já estou te seguindo..
    bjus..

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  15. Olá Lucimar,

    Obrigada por sua visita ao meu cantinho, adorei ter você lá, volte sempre que quiser. Adorei o seu cantinho e ameiii esse post. Virei sempre aqui adoro poesias. Já estou te seguindo.
    Beijos

    Silvia N 21
    http://silviaaraujoartdesign.blogspot.com/

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  16. Oi querida , passei pra retribuir a visitinha e já estou te seguindo.Você gostou do meu Fredinho...é um shitsu de 2 anos que dei de presente pra minha filha, mas eu é quem fiquei doidinha por ele , também amo animais , aqui em casa temos uma calopsita ( a Lolita ), um periquito( o Piu ),uma tartaruga( a Jena ) e o Fredinho, vou postar fotos deles depois....Beijos e bom fim de semana

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  17. Oi Lucimar..concordo sim e já estou clicando no seus anun. ..estarei todo dia...
    apaguei seu dep...
    bjus.
    Cris croche...

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  18. Olá estou aqui para agradecer a visita e dizer que ja estou seguindo adorei seu espaço!
    beijokas e seja super bem vindo!
    te espero no meu outro blog:
    http://senhoritaperdida.blogspot.com/

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  19. Castro Alves,o poeta dos escravos.Navio Negreiro,é um poema de encher os olhos de lágrimas.Expoente romantista.Lindos poemas postos aqui.Sempre bom valorizar os escritores,magníficos,brasileiros.
    Beijos,Lu!Um lindo domingo para ti.Dani.

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  20. Vamos fazer este acordo sim amiga!!
    Já comecei,pode passar no meu blog.
    Ótima semana para você!
    beijinhos
    Cláudia PIlotto

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